Mulheres Imigrantes e Escola no Brasil: Um Estado do Conhecimento (2019–2024)
Palavras-chave:
Mulher, Escola, ImigraçãoResumo
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), até o finalde 2023, cerca de 117,3 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a se deslocarem decorrência de perseguições, conflitos, violência e violações de direitos humanos. NoBrasil, foram registradas 58.628 solicitações da condição de refugiado. No mesmo ano, oComitê Nacional para os Refugiados (Conare) reconheceu 77.193 pessoas como refugiadas,das quais 47,6% eram mulheres. Esses dados não apenas confirmam a presença expressivade mulheres imigrantes no país, como também evidenciam a necessidade de se compreenderos desafios de inserção e permanência na escola sob uma perspectiva interseccional, queconsidere simultaneamente as dimensões de gênero, educação e migração. Portanto, esteestudo tem como finalidade expor resultados parciais de uma dissertação em desenvolvimento,que aborda a trajetória educacional de mulheres imigrantes, com o objetivo de apresentar umestado do conhecimento sobre a produção acadêmica brasileira referente à relação entremulheres imigrantes e a escola, com ênfase no período de 2019 a 2024. Para alcançar esseobjetivo, foi realizada uma revisão sistemática na Biblioteca Digital Brasileira de Teses eDissertações (BDTD), utilizando os descritores “escola” e “mulheres imigrantes” nessa ordem.A busca resultou na identificação inicial de 55 teses e dissertações das quais apresentaramdiferentes temáticas. Dessa forma, a análise seguiu uma abordagem qualitativa, comfundamentação na categorização temática, permitindo a organização das pesquisas em seiseixos principais: migração e trabalho (40%), saúde mental e violência (29%), identidade ecultura (15%), políticas públicas (9%), escolarização (5%) e outros (2%). Constatou-se que osestudos sobre escolarização são minoritários e, em sua maioria, focam nas experiências defilhos de imigrantes, deixando à margem a vivência escolar das mulheres adultas. A análisetambém revelou a carência de pesquisas que explorem trajetórias educacionais binacionais,políticas educacionais para mulheres imigrantes e o papel da interseccionalidade nosprocessos de inclusão ou exclusão educacional. Ainda que algumas pesquisas tratem dapresença de mães imigrantes no contexto escolar, sua atuação como cerne em processoseducativos permanece pouco investigada. Dessa forma, o estudo aponta caminhos para futurasinvestigações, sugerindo o uso de metodologias de campo voltadas à escuta de narrativassobre experiências escolares, a análise de políticas educacionais em municípios com altapresença imigrante e a valorização das trajetórias escolares anteriores à migração. Ademais asistematização apresentada contribui para evidenciar um campo de pesquisa ainda emconstrução, mas fundamental para o fortalecimento de práticas escolares mais inclusivas esensíveis à diversidade cultural e de gênero no Brasil.