Tecendo Resistências: Poéticas Decoloniais Nas Vozes De Cora Coralina E Leodegária De Jesus
Palavras-chave:
Decolonialidade, literatura feminina, Cora Coralina, Leodegária de JesusResumo
No início do século XX, Goiás presenciou o surgimento de obras literárias que, além de refletirem tendências neorromânticas, parnasianas e modernistas, desafiavam estruturas de poder consolidadas. Nesse contexto, destacam-se Cora Coralina e Leodegária de Jesus, cujas poéticas evocam memórias, resistências e críticas sociais que ressoam até hoje. Este artigo investiga como os poemas “Moinho do Tempo” e “Todas as Vidas”, de Cora Coralina, e “Ainda e Sempre”, de Leodegária de Jesus, podem ser interpretados sob a ótica decolonial, destacando suas articulações com gênero, classe e raça. Os resultados apontam que Coralina e Leodegária subvertem narrativas hegemônicas ao revalorizar saberes locais e experiências femininas, articulando resistências culturais em contextos marcados pela colonialidade. Os poemas estudados revelam como as autoras exploram memórias coletivas, práticas cotidianas e subjetividades que denunciam desigualdades e anunciam alternativas às hierarquias impostas pela modernidade. Por meio de uma leitura crítica e comparativa, evidencia-se que suas obras vão além da estética literária, configurando-se como instrumentos de transformação social. Este estudo reafirma a importância de uma releitura decolonial da literatura brasileira, valorizando as vozes periféricas como protagonistas na construção de identidades plurais e de novas possibilidades epistêmicas. Cora Coralina e Leodegária de Jesus transcendem suas épocas, apresentando poéticas que não apenas registram experiências, mas também resistem e ressignificam narrativas, anunciando caminhos para uma crítica literária mais inclusiva.