Escrevivências Da Infância Negra: Processos Subjetivos De Existência E Re-Existência Na Contemporaneidade
Palavras-chave:
Infância e criança negra, Escrevivência, Subjetividade, Existência e re-existênciaResumo
A pesquisa Escrevivências da infância negra: processos subjetivos de existência e re-existência na contemporaneidade constitui-se como um importante subsídio para a discussão das relações raciais nos ambientes escolares, o direito das crianças de expressar e serem ouvidas, bem como a problematização acerca da efetivação da Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER), com foco no enfrentamento de práticas pedagógicas que se distanciam da homogeneidade e do racismo. O objetivo geral foi investigar a subjetividade da infância negra e seus processos de existência e re-existência na contemporaneidade. A partir das definições de especialistas como Ale Santos (2019), bell hooks (2021), Bianca Santana (2015, 2022), Maria Aparecida Silva Bento (2022), Clovis Moura (2020), Helio Santos (2022), Fabiane Albuquerque (2022, 2024), Nilma Lino Gomes (2023), Nego Bispo (2018), Sueli Carneiro (2023), tem-se uma proposta de interpretação dos conceitos de resistência e re-existência vistos como processos que podem ser tanto individuais quanto coletivos, manifestando-se de formas silenciosas ou audíveis com demandas e especificidades do seu próprio tempo e que, portanto, podem nos educar e reeducar. As contribuições para a compreensão do tema são o resultado de diálogos com teóricos e pesquisadoras(es), em sua maioria negras(os), dentre elas(es): Anete Abramowicz e Valter Roberto Silvério (2005), Maria Aparecida Silva Bento (2011, 2012a, 2012b, 2014, 2022), Eliane Cavalleiro (2001, 2013), Frantz Fanon (1983), Iray Carone e Maria Aparecida Silva Bento (2002, 1995), Kabengele Munanga (1999, 2004, 2005), Lelia Gonzalez (1984), Lia Vainer Schucman (2006, 2014a, 2014b, 2018, 2023), Maria Aparecida Silva Bento, Marly de Jesus Silveira e Simone Gibran Nogueira (2014), Renato Noguera (2020), Rita de Cássia Fazzi (2006), Fúlvia Rosemberg (1987) e Gislene Aparecida Santos (2009). Com a metáfora do conceito de “escrevivência”, proposta por Conceição Evaristo (2018, 2020a, 2020b), estabeleceu-se um diálogo a respeito da infância da pesquisadora e escrevivência, que, numa ousadia transgressora e insurgente, escreve a tese na primeira pessoa. O estudo adota uma abordagem qualitativa e bibliográfica, integrando a escrevivência como um referencial metodológico que vincula a trajetória acadêmica da pesquisadora às suas recordações da infância e da vida adulta, assim como às escrevivências das crianças numa escola quilombola, localizada na Região Metropolitana de Goiânia (RMG). Conclui-se com a importância de se promover uma pedagogia da implicância com as crianças, por meio da literatura infantil, enxergando-a como uma abordagem metodológica eficaz na efetivação da legislação ERER. Os achados revelam tanto os desafios enfrentados quanto às possibilidades que emergiram ao longo do processo. Além disso, o relato da escrevivência na elaboração desta tese se configura como um profundo processo de existência e re-existência em resposta ao racismo estrutural presente no espaço acadêmico.