Elefante na sala: o estigma do peso na formação dos profissionais da saúde
Palabras clave:
Ensino superior, Estigma do peso, Estudantes de Ciências da Saúde, ObesidadeResumen
O peso no processo formativo em saúde e no contexto social, ainda se constitui fortementecomo um determinador estigmatizante que impacta no desenvolvimento biopsicossocial dosdiscentes, como também, nas condutas em saúde. Propõe-se portanto, com o presentetrabalho, um ensaio teórico-reflexivo visando explanar sobre as lacunas existentes no que serefere ao estigma do peso durante a formação dos futuros profissionais de saúde. O estigma dopeso, simbolizado pelo elefante na sala, retrata uma das marcas físicas mais imponentes epresentes em todos os campos de estudo da área da saúde e antropologia Ao analisar aconstrução histórica do corpo, a denotação social construída mediante o tamanho e formatocorporal, esteve e ainda está, diretamente relacionada com identificação e valorização doindivíduo pertencente a uma sociedade, considerando seu espaço-tempo culturalexperienciado. O corpo gordo, vigoroso representante de fartura e desejo no contexto socialanterior à década de 1930, sucedeu-se à modificações moduladoras justificadas pela busca àsaúde, vitalidade, produtividade e embelezamento, ocultando de forma minuciosa e estratégica,outras dimensões que impactam a vivacidade, longevidade e qualidade de vida dos indivíduos.Contudo, observa-se que o encobrimento das dimensões a nível estrutural presentes nasociedade como insatisfação corporal, gordofobia, acesso à alimentação de baixa qualidade,permitiu e intensificou o enaltecimento do corpo como principal objeto de referência paracondutas em saúde, mesclado a um discurso empobrecedor sobre foco, força e fé.Contextualizado para o ambiente acadêmico da área da saúde, é de extrema importância quesejam elucidados os discursos que permeiam o corpo, sobretudo, o peso, como parâmetronormativo e determinante nos diagnósticos, nas condutas e na construção do cuidado emsaúde. Especificamente no campo da nutrição, do qual, as presentes autoras possuem seulugar de fala e formação, o qual destaca-se como ambiente de risco para impactos negativosdo estigma do peso. É importante ressaltar o não interesse em desestimular o ensinofisiopatológico inerente ao corpo mediante o comportamento em saúde dos indivíduos, e sim,estimular a reflexão crítica sobre a ausência de conceitos como estigma do peso, gordofobia,culto à magreza, entre outros, durante o processo de formação.